Release
Chico Freitas está lançando os singles do álbum “Pelas Canções”
Com apoio das Fábricas de Cultura, artista lança álbum de MPB com inéditas
O cantor e compositor Chico Freitas, paulista de Osasco, está lançando em singles o álbum de MPB “Pelas Canções”. O disco vem sendo produzido no estúdio da Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo. Além de gravar e mixar, a Fábrica mantém parceria com a empresa Tratore, que distribui as faixas nas plataformas musicais. “A Fábrica é frequentada por jovens com uma cultura forte de periferia. Tem muito Hip-Hop, Rap. Eu fazendo canções, pensei que não iam me chamar, mas o Daniel Maia, que toca com músicos como Tom Zé e Virgínia Rosa, entre outros, me convidou, gravou e mixou meu material”, lembra Chico Freitas.
“Pelas Canções” é o resultado da mistura de três estéticas da Música Brasileira. O álbum traz um trabalho costurado com acordes empregados pela Bossa Nova e pelo Clube da Esquina e uma narrativa intimista que buscou contato com o cancioneiro da Tropicália. Com isso, Freitas criou sua própria voz a partir dos três estilos que interagiram ao longo da Era dos Festivais. Para ele, essa tríade ainda impulsiona a MPB contemporânea. “Eu não pensei em construir esse álbum com esse padrão, mas conforme eu ia compondo e produzindo as canções, observava que as harmonias com vozes dos acordes mais abertas estavam mais para as progressões do Clube da Esquina e as que se apresentavam com vozes mais fechadas, conduziam mais para a Bossa Nova”, resume o cantor e compositor.
Gama de estilos — Além da fusão nas harmonias da Bossa e do Clube, o disco traz uma gama de estilos como marcha, valsa, pop, canção, samba, praieira, bossa nova e outros que ganharam interpretação no seu vocal barítono, que se revela flexível no samba “Guia”. Aos versos do samba: “Que ervas recobrem o território das suas lendas?/ Folhas e ramos benzendo a guia geral/ Pra sua força levantar/Um riso de amor e paz” … segue-se um drive.
Depois dos lançamentos dos singles, álbum sai em CD
A música que dá nome ao trabalho, “Pelas Canções”, traz em seus acordes iniciais uma introdução bossa-nova, mas se transmuta em uma marcha-rancho. Os versos propõe uma metalinguagem quando fala da canção na canção, quando afirma que a personagem da letra é mais que a inspiração, é a própria canção, que se desloca e está presente em todos os momentos do dia. Nessa faixa, o músico integrou seus hummings com eficiência, usando-os como mais uma linha melódica. “Pelas canções” anuncia a temática movimento, que unifica o álbum. Três canções fazem referência à religiosidade. “Cidade Baixa” tem uma batida de violão que tenta reproduzir o ritmo calmo das ondas na praia. A letra dessa bossa-jazz narra um passeio pela cidade de Salvador (BA). Já, o samba “Guia” foi feito em homenagem aos rituais feitos pelo seu avô paterno e ao seu tio que eram os líderes em seus centros de Umbanda. Por sua vez, “Quebra-Mar” traz no dedilhado líquido das cordas do violão mais uma referência marítima. Essa canção narra as desventuras do avô que mergulhava para pescar no litoral do estado de Alagoas.
O disco também traz baladas românticas conectadas com a ideia central do álbum. “Tarde”, uma toada, que ganhou um solo blues do guitarrista Michel Faria e possui o refrão radiofônico: “E quem um dia irá dizer/Que só nós dois estamos bem/ Você em mim e só viver”. “Nossa história” (inédita) é uma canção com versos justapostos, dedicada à Patricia Franzoso, mulher de Freitas. “À espera da chegada/Rumores que não passam/Aquela porta que abriu, sumiu”, vem com muito lirismo na letra e um acompanhamento de violão com fraseados e condução da harmonia em dominantes. “Atmosfera Vazia” e “Quase-infinito” são ritmadas e trazem letras que retratam relações interrompidas por hesitação, precipitação, desejo efêmero. “Pra se perguntar se é assim/Que o aprendiz vai desejar… são versos da primeira. “Diluindo a imagem (reflexo em você)/Imã-elétrico pra ser… versos da segunda canção indicam distanciamento.
Três canções abordam o existencial. “Depois”, um pop mineiro (inédita) expõe a finitude em versos como: “Tempos se passaram/ E apagaram o que havia depois de mim/ Retirando a fina areia/ Espalhada ao redor, sumir/ Pra jogar ao Mar/ E deixar levar. “Capital”(inédita ) é uma valsa que expressa um clima mais sombrio em relação às outras canções. A faixa, sem introdução, tem como tema a solidão na metrópole: “Apareceu no ar e ainda está /Feito um Sol suspenso a me tragar/Pra dentro do infinito de cidades que tentam se ocultar/Eu quis vagar nas ruas da Capital na sensação feliz de me perder/Num labirinto de espelhos/Revejo, intenso, minha solidão”. A circular “Viagem” (inédita), encerra o álbum como uma ladainha, que emenda o verso final “Para onde eu não tenha que ouvir…ao verso inicial: “Mais um …
“O álbum está sendo lançado em singles. A versão-álbum em um arquivo único nas plataformas vai trazer a sequência narrativa que eu acho mais interessante para ser escutado como um CD”, explica Freitas.
Álbum tem três vertentes narrativas: religiosidade, baladas românticas e questões existenciais.
“A Fábrica é frequentada por jovens com uma cultura forte de periferia. Tem muito Hip-Hop, Rap. Eu fazendo canções, pensei que não iam me chamar, mas o Daniel Maia, que toca com músicos como Tom Zé e Virgínia Rosa, entre outros, me chamou, gravou e mixou meu material”, lembra Freitas.